Nasci Gaúcha


Churrasco

Desde há milênios muitos povos tem o costume de comer churrasco. O grande escritor Virgílio, ao escrever sua obra “Eneida” já registrava o hábito de comer carne assada, ou seja, o churrasco.
Os Guaranis tinham por hábito assar abrindo um buraco no chão, forrando com folhas verdes, de árvores, sendo que deitavam a carne, cobriam com mais ramos, terra e ateavam o fogo em cima. A terra e as folhas aqueciam, assando a carne, cujo sabor servia de tempero.
Em estágios menos primitivos, os indígenas colocavam a carne dentro de um buraco, envolta em vegetais e numa camada de barro fresco, batido. Com o calor do fogo, o material que envolvia a carne endurecia, retinha o suco da carne e assava-ª Então, só será necessário quebra-lo, retirar o assado, cujo tempero era um pouco de cinzas, uma vez que ainda não conheciam o sal. Os indígenas eram profundos conhecedores das ervas e plantas e tinham por costume usar folhas da pitangueira como tempero e diziam: “As frutas e folhas com caules de plantas leitosas ou peludas geralmente são venenosas”.
Com a chegada dos portugueses e espanhóis difundiu-se a arte de se assar carnes sobre labaredas, com espetos e salmouras. A revolução trouxe um novo costume que era de se assar a carne com o couro. Após assada é que se tirava o couro e se temperava, geralmente com salmoura.
O gaúcho sempre diferenciou o churrasco do assado. O churrasco era feito no espeto e assado, na grelha ou no “Girau”, uma armação de pau usada antigamente à guisa de grelha. O assado na grelha é quase exclusividade da região fronteiriça, herança castelhana.
Com o passar dos tempos, as invenções e as novas criações fizeram com que o homem adquirisse novos hábitos e costumes na prática de se temperar e assar o churrasco. As varas verdes de pitangueira foram substituídas por espetos de ferro e, hoje, de aço inoxidável, assim como as grelhas e churrasqueiras motorizadas-rotativas.
Nas cidades, as churrasqueiras de “fundo de quintal” transformaram-se em potentes laboratórios para os gaúchos e não gaúchos urbanos, cada qual, buscando uma mulher fórmula para se assar o churrasco.
Os temperos que eram as folhas, as cinzas e depois o sal foram substituídos por outros como: leite para amolecer, conhaque, cachaça, mamão, bicarbonato e outros produtos. Mais tarde adotou-se a cebola, alho, tomate, pimenta, vinho, limão e outros trazidos pela cozinha italiana que, também trouxe consigo o hábito do espeto corrido, servindo-se, ainda, maionese, saladas diversas e outros acompanhamentos.
O gaúcho por sua vez mantém os seus hábitos e costumes e diz que o churrasco foi a seiva que gerou uma raça gaúcha tão forte, que em diversas oportunidades essa energia defendeu, e continua a defender bravamente os pampas. O churrasco é uma comida que sempre esteve a sempre estará presente nos hábitos alimentares dos gaúchos e, hoje, dos não gaúchos que, amanhã poderão se tornar gaúchos, pois, “ser gaúcho não é ter nascido no Rio Grande do Sul. Ser gaúcho é um estado de espírito”.

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